Para aqueles que não sabem, estou com um novo blog literário, o No Meu Mundo, ele não é só um blog literário, nele eu falo além dos livros, falo de cinema, séries, teatro, eu fiz um post recentemente sobre um evento que eu fui, chamando Hunger Day, que foi um evento onde tivemos um dia de Jogos Vorazes, foi o máximo o evento, eu me senti mais viva do que nunca, conheci pessoas novas, fiz amigos, fui um dos Tributos, estive em Panem, mais especificadamente na arena, na capital de Panem, eu li para a minha mãe o relato desse meu dia como tributo, o relato do blog, onde todos que leram adoraram, muitos falaram que queriam eventos assim nos estados que eles moravam, pensei que minha mãe falaria algo como “Poxa, deve ter sido bem legal” ou então “Ficou realmente muito bom” mas não, ela vira e fala “Acho isso um pouco infantil” ok, era uma brincadeira, vendo de fora pode parecer, tipo um pique-pega aprimorado, eu tenho 25 anos, devia estar na hora de parar de brincar.
Ela ainda completou com “na sua idade eu já tinha a sua irmã”, eu me senti um lixo nesse momento, sei lá, alguém com uma deficiência mental enorme, que não sabe separar a fantasia da realidade, me senti de verdade uma retardada, mas porque eu me senti assim? Por não ter um filho? Por ter me divertido? Ao perceber que eu fiquei bolada ela tentou desfazer o que fez, mas as pessoas tem que aprender que tem coisas que não se voltam atrás e a palavra falada é uma dessas coisas. A forma de melhorar as coisas dela apenas piorou, disse que na época dela as pessoas tinham necessidade de crescerem mais rapidamente, pensei em será que é isso? Será que eu tenho a síndrome de Peter Pan e não quero crescer nunca? Se tenho mesmo isso, isso é um problema? Eu resolvi fazer uma reflexão sobre as coisas e percebi que o fato de eu ainda ter uma alma mais jovem, não quer dizer que eu seja imatura ou menos responsável.
Resolvi pesquisar a santa wikipédia para ver o que é ser responsável, pois acho que ser responsável é a primeira obrigação que temos ao crescer, na minha opinião um adulto é uma pessoa responsável pelos seus atos e encontrei a seguinte definição.
“Responsabilidade vem do grego “respon” que significa independencia, e do latim “sabili”, que significa sábio. É a obrigação a responder pelas próprias ações, e pressupõe que tais atos se apoiam em razões ou motivos. O termo aparece em discussões sobre determinismo e livre-arbítrio, pois muitos defendem que se não há livre-arbítrio não pode haver responsabilidade individual, visto que as ações pelas quais o individuo seria responsabilizado não foram praticadas de livre e espontânea vontade.
Os motivos das ações de um indivíduo responsável devem fazer sentido e esse deve fazer conhecer suas opiniões sem causar transtorno ao resto da comunidade.
Ser responsável é obrigação de qualquer cidadão para uma vida saudável em sociedade.”
Pelo o que pude entender o individuo responsável é aquele que é independente e sábio, então resolvi me questionar se tenho essas qualidades. Eu moro na casa da minha mãe, é verdade, mas se eu quero algo, se eu quero sair, pago com meu próprio dinheiro, o máximo que acontece é eu pegar emprestado mas pago devidamente depois. A coisa que mais uso em casa, que é a internet, eu pago metade dela e minha irmã paga a outra metade. Eu posso não ter minha total independência, mas me sinto independente sim. Sempre resolvi meus próprios problemas e só peço ajuda se é algo que eu não posso resolver sozinha e nesse caso também peço ajuda apenas a pessoa que poderá me ajudar. Resolvo todas minhas questões sozinhas, ninguém nunca me ajudou a procurar emprego, antes dos 18 anos minha mãe só sabia dos cursos que eu me inscrevia porque eu precisava de um maior de idade para assinar os papéis, fora isso eu resolvi as questões sozinha.
Não tenho filhos e nem animais de estimação que dependam de mim e assim eu dependa dos outros para cuidar deles, muitas das pessoas com quem eu convivo não sabem dos meus problemas até que eles possam ser evitados… Então sim, me sinto alguém independente.
Sobre ser sabia, eu confesso que não sou a pessoa mais sabia do mundo, mas sou o suficiente para saber o que é certo e errado, as consequências de meus atos e saber enfrenta-las, sei usar a palavra na hora certa quando algum amigo precisa de mim, sou bem logica quando precisa-se de logica, sei manter a calma, então, sim, eu acho que sou sabia.
Se sou sabia e independente, eu sou responsável certo? Se sou responsável, qual o problema de eu decidir sair as vezes da vida real para praticar coisas sadias que façam eu me sentir viva, se isso não machucará a ninguém? Isso não é ser adulto? Ser adulto é não ter uma válvula de escape da realidade, para poder relaxar e depois conseguir encarar melhor o mundo?
Me veio depois a questão que ela disse sobre na minha idade já ter a minha irmã, então é isso? Como uma mulher de 25 anos eu devia estar casada, com minha própria família? Eu devia ter um filho mesmo sabendo que esse não é o momento certo? Eu não acho isso infantilidade, se for, desculpe, eu prefiro ser uma criança de 25 anos, livre e responsável, do que uma adulta de 14 anos, sem responsabilidade nenhuma.
Eu sei muito bem que tenho condições psicológicas de cuidar de uma criança, eu cuido do meu sobrinho desde que ele nasceu, isso foi a 12 anos atrás quando eu era praticamente uma criança, a questão é que eu não vou colocar um filho no mundo para ser mais uma mãe que não tem como sustentar o seu filho, não, quando eu tiver um filho ele vai ter tudo, principalmente uma educação que eu o darei, para isso além de independência total financeira, precisarei administrar bem meu tempo para não ser uma mãe ausente e infelizmente, aos 25 anos isso ainda não é possível.
Eu bebo desde os meus 19 anos, minha mãe, irmã e família nunca me viram bêbada, ninguém nunca precisou ir me pegar, ninguém nunca ligou para a minha casa para falar que eu precisava de alguém para me pegar, nunca fumei, nunca usei drogas, nunca feri ninguém, nunca engravidei de um carinha qualquer, nem de meus namorados, trabalho desde os meus 18 anos e de carteira assinada desde os 19 anos. Se quero algo, corro atrás, então que problema tem em eu deixar a realidade de lado as vezes?
Qual o problema de eu conseguir resgatar a imaginação que toda a criança tem e transformar a Quinta da Boa Vista em Panem na minha cabeça, qual o problema de eu correr pensando que estou salvando a minha vida, enquanto estou na verdade em apenas um jogo? Eu não machuquei ninguém, não tive medo do ridículo, do que as pessoas iriam pensar de mim, fui corajosa ao fazer isso, ao simplesmente não me importar com a opinião dos outros, porque eu estava feliz e é isso que importa, pelo menos deveria ser, as pessoas deveriam se importar com a felicidade e não com o medo do ridículo, se minha felicidade não machuca ninguém, o que importa eu fazer o que me faz feliz?
Eu me sinto feliz me fantasiando de Harry Potter, de Piratas do Caribe, de Star Wars, me sinto feliz por subir no palco e fazer uma representação de uma guerra intergalática, sem ganhar nada, me sinto feliz em correr pela Quinta da Boa Vista como se eu fosse um tributo de um futuro distante. Isso é o que importa ano final, quando eu for lembrar do meu passado e lembrar dos bons momentos, não vai ser de “e teve aquela vez que eu fiz a contabilidade do mês de novembro”, isso não me faz feliz, isso me faz responsável e não feliz. Responsável por responsável eu tenho muitas coisas, como quando estou trabalhando, eu me sinto sobrevivendo no trabalho e não vivendo, eu quero viver, não apenas sobreviver. O que eu vou falar para meus amigos, filhos e netos não é sobre como eu resolvi o problema de uma cliente no trabalho, vai ser sobre o dia que eu fui o tributo do Distrito 1, no PRIMEIRO JOGOS VORAZES CARIOCA e não fui apenas um tributo, eu fui um tributo que se destacou. O que eu vou contar é sobre o dia que eu subi ao palco do Anime Family, com uma roupa toda preta e ganhei com meu grupo o 1º Lugar em apresentação livre em grupo.
Pensando nisso, se for para ser uma adulta que sobrevive, uma adulta estressada, uma adulta que não tem boas lembranças, eu prefiro ser infantil, ser uma retardada mental, mas que vive, que não apenas está no mundo, que não tem medo do ridículo, que tem medo de não ser feliz, que tem medo de não viver. Então quer saber? Me chamem de infantil, de criança, do que quiserem, mas sou eu, e não vocês que no final falará sobre os dias maravilhosos que viveu, porque não tinha medo de como os outros me viam.
E para completar esse post, uma música que tem tudo a ver com a forma que eu estou me sentindo agora. I’ve Gotta Be Me